segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Chronicle (2012)




Poder Sem Limites, como o filme é chamado no Brasil, é um daqueles poucos exemplos onde a frase do pôster resume de maneira inteligente o conteúdo da película - "Boys will be boys", que tenho vergonha de admitir mas me lembra uma música de sucesso da (extinta?) Panic! At The Disco, diz tudo sobre o filme: garotos ganham superpoderes de uma fonte misteriosa e, ao invés de desenvolverem um senso de responsabilidade ou um desejo homicida, continuam sendo garotos.



Andrew, personagem principal e cuja câmera serve como justificativa narrativa pro estilo de filmagem, é como qualquer garoto com um caso severo de timidez; socialmente inaquado, vítima de bullying na escola e com uma familia disfuncional (a mãe em leito de morte e o pai alcoolatra e abusivo), talvez soe até clichê podermos ver de longe a faísca do nascimento de um vilão, mas seu desenvolvimento durante o filme é de partir o coração: o garoto se mostra feliz como nunca antes ao encontrar algo em comum com o primo Matt e o novo amigo Steve, mas sempre se questiona se aquilo é verdadeiro e qual é o seu lugar no mundo.




E é aí que Chronicle, com seu baixo orçamento e sem grandes nomes tanto na produção quanto no elenco, acerta em cheio onde tantos outros erraram (X-Men 3, Origins: Wolverine, Batman Begins, etc. estão aí pra representar mal o gênero). Ao nos apresentar uma história crível de três garotos que se vêem enfrentando situações extraordinárias o filme nos transporta para aquele mundo e nos faz temer pelo destino dos personagens, escalando o clima de tensão de maneira inteligente e culminando no ótimo climax onde, pela primeira vez em muito tempo, consegui me ver com medo do vilão e do que ele pode fazer.



Seu final faz jus a tudo que o filme mostra, terminando de forma melancólica mas sem empurrar goela abaixo uma lição de moral. Sem filosofias de porta de banheiro, intrigas políticas, lutas mirabolantes e efeitos digitais de encher os olhos, Chronicle funciona com base em seus personagens carismáticos, com qualidades e defeitos como qualquer ser humano, numa história que mistura elementos de Elefante (Elephant, 2003) com uma pitada de fantasia.

Cena Memorável: a do "assalto a mão armada". Quem nunca imaginou disparar tiros com sua mão em forma de pistola?


Nota: 9,5/10


Quote:
"Guess what? You made it. Isn't it beautiful? Goodbye Andrew."

And here we go!

It's all part of the plan.